JOHNNY - Assunção (Segmento II)



Anoitece em Assunção.

Três homens gordos bebem cerveja em uma lanchonete. A umidade escorre das cervejas geladas. Dois garotos jogam fliperama. Um jovem punk faz estêncil nos muros da rua.

“Foda-se Solano Lopez II”

A motocicleta de Johnny estaciona no local. Não há semáforos na estrada. E os comércios de Rua já começam a fervilhar. Tumulto de vozes e pessoas atravessando as ruas. Ameríndios. Indígenas. Paraguaios miscigenados.

Johnny zig zagueia entre os pedestres. “Jo fala, Castelhano?”

“No”

“Jo quer uma Coca Cola?”

“Tambiem No”

Johnny não encontra um lugar para estacionar a motocicleta. É perigoso deixá-la à deriva. Precisa fazer uma ligação telefônica. Maltrapilhas prostitutas observam o movimento do local. Os postes carregados de anúncios colados. Um deles:

“Show de Lucio Paes”. Um cantor de merengue que imita o visual do Elvis.

Johnny então encontra um lugar seguro, perto de um poste bem iluminado. Ao lado da Lanchonete. O sol alaranjado vai dando lugar à noite e seus pernilongos ao redor da luminária do poste. Perto um telefone público. Johnny caminha até ele. Liga para sua mãe.

“Alô, mãe…”

Um rádio ligado dentro do estabelecimento toca “La cumparsita” de Geraldo Mato Rodrigues em versão moderna, cheia de overdubs, flertando com a música latina e eletrônica.

Johnny então entra na lanchonete. Mas não sabe o que pedir. Está catatônico. Atordoado.

“Posso ser útil, amigo?”

“Pode. Desliga esse rádio”

O dono ri, mas não entende o estrangeiro. Olha com o olhar treinado que os donos de bar aprendem a ter. Desconfiança e malícia. O cheiro dos cigarros enojam Johnny.

Senta-se em uma mesa vermelha quadrada com o slogan de uma marca nacional de cervejas.
Observa um camelô na calçada que estende sua rede de dvd´s clonados.

A série de filmes “Velozes e Furiosos”. Johnny lembra que o ator original da franquia morreu em um acidente de carro.

30/Junho/2017

Comentários